terça-feira, 8 de dezembro de 2009

CAFÉ COM LEITE, MALA PRETA OU ESTÁ NO SEGURO?

Como podemos ouvir que Jesus não tinha possibilidade de pecar porque era Deus. Que Jesus é esse? Se eu fosse Jesus me sentiria ofendido ao ouvir tamanha blasfêmia. Mas como Ele mesmo disse: “Perdoa-os Pai, pois não sabe o que falam”.
Primeiro, Ele se esvaziou de si mesmo. Esvaziou do quê? Esvaziou-se dos seus atributos divinos, isto é, se tornou homem mortal, mas contudo não deixou de ser Deus. Vemos Paulo dizer aos Filipenses 2.5-8. “Se esvaziou, tornou-se semelhantes aos homens, obediente até a morte” e também aos Romanos 8.3,4, “Deus enviou seu próprio filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado”, podemos entender claramente que Jesus deixou seus ‘poderes’ e se tornou semelhante a nós em relação ao pecado até a sua morte. Percebemos que Ele não se tornou igual mas semelhante, então é quase igual, falta pouco e este pouco é o domínio perdido por Adão. Se Deus quisesse alguém igual ao homem Jesus seria concebido de forma natural. Mas Deus queria um homem igual a Adão antes da queda, um homem com o domínio sobre a terra, céu e mar, concebido pelo próprio Deus. Um homem zero quilômetro, sem a semente do pecado em seu coração, mas com a possibilidade de pecar como Adão pecou, um homem sem o ‘conhecimento do bem e do mal’ (ressaltando que como Deus é claro que conhecia), uma terra virgem.
Podemos confirmar que Jesus era um homem normal que dependia de Deus e do Espírito Santo. Desde o nascimento (Lc 1.15;35), Batismo (Lc 3.22), foi levado pelo Espírito à tentação (Lc 4.1), cheio do Espírito para pregar, curar (Lc 4.18) e expulsar demônios (Mt 12.28). Então será que Jesus vivendo como Deus, ou melhor podendo utilizar seus poderes divinos iria necessitar do Espírito Santo até para pregar?
Jesus não usou seus poderes para fazer coisa alguma, ele mesmo disse em João 14.10 que é o Pai que está Nele é Quem faz as obras. Obras que podem ser até maiores dependendo da nossa fé e comunhão com o Pai (Jo 14.12). A divindade ativa em Jesus é o Espírito Santo, desta mesma forma nós também podemos canalizar está atividade divina através do fluir do Espírito Santo em nossas vidas.
Agora se falarmos que Jesus não tinha possibilidade de pecar, então estamos vendo Jesus como ‘café com leite’ na brincadeira. Lembra, no pega-pega, uma criança menor e indefesa queria brincar, ela participava sem correr riscos, sem punição. Ou podemos vê-lo como “mala preta”, como nos jogos de futebol que são comprados dias antes, o resultado já é certo. Entram em campo apenas para interpretar suas decisões. Ou então como se diz nos presídios, ‘tá no seguro’, tem alguém ou algo dando cobertura, segurança. Não participa e não luta somente com suas forças.
Então como Jesus pode falar: “Eu venci o mundo”, pois se o jogo foi vencido por piedade do oponente, suborno ou as custas de terceiro sua vitória não foi legítima. Uma vitória legítima é aquela conquistada por seus méritos dentro dos padrões e regras pré-estabelecidas. Como está escrito em Hebreus 2.17,18, a vitória na cruz só teve validade porque Jesus viveu semelhante aos homens e em tudo foi tentado, por isso pode socorrer aos que são tentados, ou seja, se você nunca usou drogas dificilmente você poderá entender e ajudar um drogado de forma plena.
Para concluir, João nos lembra que aqueles que não confessam que Jesus veio em carne não são de Deus, são enganadores. Por isso creio que Jesus viveu como homem semelhante a nós e com a possibilidade do erro através do seu livre arbítrio. Não vejo a quarentena no deserto como a única ou maior tentação sofrida por Jesus. Como nós, Jesus deve ter tido sua vida inteira tentada, de ponta a ponta, é claro com algumas tréguas, pois Ele orava constantemente, um homem cheio do Espírito Santo. Se não fosse assim as suas palavras de entusiasmo, garra, força, resistência, combate, ânimo, alegria, paz e amor não teriam o poder que elas têm. Seriam apenas a utopia de um Deus que tirou uma temporada entre os homens. Mas graças a Deus que enviou seu único Filho e a Jesus que aceitou se despojar da sua posição e dos seus atributos para se tornar semelhante a mim e a você, entender como homem o que sentimos nas tentações, nos dar o consolo e a força necessária em cada situação. Através desta atitude hiper altruísta de Jesus podemos encontrar o caminho de volta aos braços do Pai, neste mundo de tantas tentações a oferecer nos desviando da santidade, Jesus é Luz que ilumina nossos passos, Ele é o Pastor que guia suas ovelhas com segurança em meio ao mais terrível abismo porque Ele já passou por lá e não caiu, por isso Seu Nome triunfará gloriosamente por toda eternidade.
CLODOALDO CLAY NUNES

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