quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A PESCARIA DO DOPS

Está na moda a pescaria esportiva. Pescar apenas pelo prazer de pegar o peixe e depois soltá-lo. Concentram-se num pequeno lago uma multidão de peixes, somente qualidades desejadas pelos ‘esportistas’ e alimentando-os como porcos na engorda, pois o interessante é pegar o mais pesado, e nunca se esquecendo de soltar depois.A pergunta é, para que isso?
Pelo mundo vemos muitos absurdos. Em alguns países, animais são deuses, em outros, judiam até matar, como as touradas. Já no Brasil seguimos a linha Maluf, ‘estupra, mas não mata’. Até pouco tempo atrás os rodeios eram uma série de torturas, hoje parece que está organizado. Mas há muitas rinhas de galo que são proibidas, mas seguem livremente com sua barbárie.
A pescaria esportiva transmite a idéia de piedade, ‘olha vou solta-lo!’. Mas espera ai. Imagine o trauma que o peixe passa. Primeiro o pescador apela, usa da necessidade do peixe, a comida, para fisga-lo e começar sua triste tortura. Com um anzol afiado atravessado em sua boca, luta irracionalmente para se livrar, pois se fosse racional pensaria: “vou me entregar logo e este idiota vai me devolver na água”. Infelizmente o peixe não se entrega e na sua valentia luta contra o algoz até desfalecer na água. E o carrasco se alegra dizendo: “e bichão brigador”.
Não vejo problema na pescaria, mas usa-la como esporte é uma tortura. Os pescadores quando questionados dizem que os peixes têm sangue frio e não sentem dor. Epa! Quem tem sangue frio nesta história? Não conseguem ver a dor e o sofrimento do peixe, ressaltando que é um sofrimento fútil, inútil. Não há necessidade para determinada ação.Agora voltando para a história do peixe pescado. Depois de desgastado pelo pescador o peixe é retirado quase morto da água. Bom lembrarmos que o pescador tem tanta afinidade com a pescaria que ele nem pega o peixe com a mão, espreme a boca da vitima com um alicatão. Tempo apenas para pesá-lo e tirar as fotos. Pronto para ir dessa para uma melhor, o peixe é ressuscitado na beira da água. Após fazer os primeiros movimentos é liberto pelo algoz com um cara de satisfação e de quem ainda fez um bem para o peixe.
Será que este peixe terá uma vida normal? Ou toda vez que ver um alimento na água pedindo para ser devorado logo se lembrará do anzol atravessado na sua boca deixando de comer por vários dias. E sua boca, será que não doe mesmo? É, não ouvimos ele gritar, mas espernear é evidente.
Ah! Mas é só um animal. É verdade, mas eu e você também somos. Temos que respeitar todo tipo de vida. Os peixes foram criados para alimentação, não para diversão, ainda mais sendo uma diversão estúpida.
A Bíblia é cheia de versículos que apresenta-nos a lei da semeadura, já que estamos falando de água, em Eclesiastes 11.1 diz: “lança seu pão sobre a água porque depois de muitos dias o acharás”. Se laçarmos maldade sobre a vida colheremos maldade. Obviamente se lançarmos bondade colheremos bondade. Em provérbios 12.10 está escrito: “O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel”. Seremos avaliados também pela forma como tratamos os animais, isto faz parte da nossa missão de administrar a natureza.
Não pense apenas como pescador, pense como o peixe e como o Criador. Será que é necessário o peixe sofrer esta dor?
Dops (departamento de ordem política e social) especializado em torturas no tempo da ditadura militar.
Clodoaldo Clay Nunes

SUBMISSÃO AS AUTORIDADES. Rm 13.1-7


Quando Paulo escreveu esta carta o povo judeu e o inicio do povo cristão (estes eram considerados pelos romanos uma segregação dos judeus) lutavam contra a dominação do império romano. Mas os judeus tinham alguns privilégios como povo dominado. O império editou várias leis em favor dos judeus como sábado, alimentações e proibição de imagens e esculturas. As leis da Torá eram respeitadas pelo império romano. Leis judaicas que eram punidas com a morte tinham total aval do imperador. As autoridades de certa forma também eram sujeitas ao povo, não era uma dominação total.
A recomendação de Paulo para sermos submissos as autoridades é uma continuação das virtudes recomendadas no capitulo anterior. Paulo está tratando de relacionamentos. O cristão tem que se relacionar de modo abençoador, bondoso, pacífico, perdoador e servil.
Já no relacionamento com as autoridades o cristão deve conscientizar-se da sua cidadania, isto vai desde as leis prioritárias até catar as fezes do seu cachorro quando você sai para passear com ele.
Deus abomina a anarquia, a falta de hierarquia, por isso uma das virtudes do cristão é sujeitar-se as autoridades, como sujeitam-se uns aos outros. Deus é a fonte de toda autoridade, Dele procede a ordem, a hierarquia e a liderança. Não importa que forma de governo é exercido, precisamos nos sujeitar ao líder. Isto é usado em todos os segmentos que há uma pessoa como líder. Na família, na escola, no trabalho, na igreja, no trânsito. Em todos os lugares há autoridade, inclusive sozinho, todos nós somos lideres de nós mesmos. Tenho meus princípios, minhas obrigações e responsabilidades que formam uma autoridade da qual tenho que sujeitar meu corpo e minha mente a ela.
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Submissão e Obediência
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Como Paulo fala em ser submisso as autoridades sendo que ele e vários outros discípulos desobedeciam as autoridades?
Primeiro que Paulo e os discípulos só desobedeciam as autoridades como no caso de pregar o evangelho porque a ordem expressa pela autoridade conflitava com os mandamentos do Senhor. Como disse Pedro em Atos 5.29 “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens”. Jesus também entrou em conflito com a lei farisaica quando curou no sábado e andava com ‘impuros’.
Em segundo lugar Paulo e os discípulos desobedeciam as leis, mas continuavam submissos a ela acatando a punição. Eles eram presos e chicoteados isto era ser submisso a autoridade, mas obedecendo a Deus. É como passar com o farol vermelho, desobedeci, mas só serei insubmisso se não acatar e pagar a multa ou dificultar a visão da placa para não ser multado. Da mesma forma que não me é licito praticar alguns atos permitidos pelas autoridades como fumar, por exemplo, também não me seria licito acatar a uma suposta proibição de não ajudar os necessitados. Ajudar os necessitados é uma ordem de Jesus, melhor eu obedecer a Ele do que qualquer autoridade sobre a terra.
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Cristãos brasileiros
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Graças a Deus que nós vivemos em um país livre cultural e religiosamente. Mas infelizmente em muitos países estes segmentos são impostos pelas autoridades. Vemos irmãos como o André da “Missão Portas Abertas” que desafiam estas autoridades para cumprir a ordem de Jesus que é pregar o evangelho. Por isso cabe a nós sempre lembrarmos nas nossas orações destes irmãos que arriscam suas vidas para propagar o evangelho.
O nosso relacionamento com as autoridades brasileiras é muito bom, mas o cristão com medo de rebelar-se contra às autoridades acaba sendo muito passivo e desta forma se torna insubmisso, pois foge da sua missão de cidadão que é acompanhar os passos dos políticos, saber de que forma o governo está investindo o nosso dinheiro, protestar quando não há coerência na administração. Não é errado nem insubmisso fazer boicotes visando a melhoria da comunidade ou ‘pintar a cara’ e sair às ruas pedindo o impeachment do presidente, desde que não cometa atos de vandalismo ou infrinja os direitos dos outros.
Clodoaldo Clay Nunes

A IRA DE DEUS - Rm 1.18-32


Ao ouvir a palavra ‘ira’ logo a relacionamos com a raiva humana, uma emoção irracional carregada de vaidade, hostilidade, malícia e vingança. Mas a ira de Deus nada tem haver com isso. C. H. Dodd em seu comentário de Romanos (1932) argumentou que Paulo não expressava uma reação pessoal de Deus, mas um processo inevitável de causa e efeito em um universo moral, seguindo um argumento parecido com a Segunda Lei da Termodinâmica, onde afirma-se que tudo está em estado de composição. O sol é um exemplo, pois já é certo que sua energia não durará para sempre. Mas quanto a ira de Deus não podemos despersonificá-la, pois ela é uma faceta do amor de Deus, uma indignação, uma hostilidade santa do Criador contra o pecado e o mal. Apesar de ser pessoal, pois Deus é uma pessoa, ela não carrega ressentimentos.
A ira de Deus se revela contra toda impiedade (asebeia) e injustiça (adikia) dos homens que suprimem a verdade pela injustiça (v.18). Asebeia é contra Deus e adikia é contra os homens. Suprimem a verdade, a ordem moral de Deus pela injustiça, ou seja, pelo egocentrismo.
Conhecendo a Deus...(v.21). Este conhecimento não engloba a graça salvadora, mas é o primeiro passo para o conhecimento da mesma. O que Paulo afirma é que eles conhecem a assinatura do Divino Autor na obra prima da criação e estão rejeitando-a por causa dos seus interesses egoístas.
A ira de Deus terá um dia especifico[1], mas não é sobre este dia que Paulo está nos dizendo, esta ira é Deus abandonando o pecador de dura cerviz rumo à degeneração da sua posição perante a revelação do Criador. Deus os entrega a uma espiral descendente da depravação pagã com três estágios: impureza sexual (24), paixões vergonhosas e a uma disposição mental reprovável (28).“São insensatos por natureza todos os que desconheceram a Deus, e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer Aquele que é, nem reconhecer o Artista, considerado suas obras”; “Ainda uma vez, entretanto, eles não são desculpáveis, porque, se eles possuíram luz suficiente para poder perscrutar a ordem do mundo, como não encontraram eles mais facilmente Aquele que é o seu Senhor?”, Livro apócrifo da Sabedoria, cap. 13.1,8,9.
[1] 1Ts 1.10; Rm 2.5,8
CLODOALDO CLAY NUNES

REVELAÇÃO NATURAL - Rm 1.18-32

Olhando para a natureza, para o imenso universo não podemos dizer que não há um Criador que criou tudo isso com um determinado propósito. Blaise Pascal, um dos maiores cientistas da nossa história afirmou que a ciência explica as coisas até um determinado ponto, após este, somente um Criador, uma Inteligência Suprema para dar fundamento às coisas. Por outro lado, há aqueles que dizem que não existem milagres, tudo é explicado naturalmente e aquilo que não foi ainda explicado é apenas porque ainda não foi compreendido.
“Quando contemplo um pouquinho do que se passa numa simples célula, sou tomado da mesma admiração e humildade que sinto ao contemplar o céu numa noite estrelada. A forma como as complexas atividades da célula concorrem coordenadamente para um propósito comum atinge a parte cientifica do meu ser, constituindo-se na melhor prova de um Propósito Supremo”, palavras de um cientista à Stott.[1]
No v. 20 do primeiro capitulo de Romanos, Paulo diz: ‘claramente se reconhecem (...) sendo percebidos’. No grego, os termos são: nooumena e kathoratai, o primeiro ligado à noous, mente, inteligência e o outro a visão física. Ou seja, cada vez mais a inteligência cientifica levará pessoas à percepção de uma Inteligência Suprema, de um Criador.
O Doutor Russel Shedd em seu livro Criação e Graça afirma que a revelação de Deus pela criação não é suficiente para uma fé salvadora. Então, mais do que a revelação da criação, cada ser humano tem um senso moral, uma consciência mesmo que condicionada a uma cultura, difere entre o certo e o errado. Esta é uma fagulha do Nosso Criador, e desesperadamente ela O busca através de um ‘magnetismo espiritual’. Conhecemos esta fagulha como ‘nefesh haya’, ‘fôlego da vida’ ou ‘imagem e semelhança do Criador’. Ou seja, temos um espírito que busca o Espírito do Criador. Infelizmente, nesta busca os seres humanos extraviam suas adorações para as criaturas esquecendo-se de adorar o Criador. Por isso, Shedd declara a necessidade da revelação da graça, onde o ser humano abrirá os para um Deus de amor e não apenas o Criador.
[1] Stott, Romanos. P. 80
CLODOALDO CLAY NUNES

CULTO, LOUVOR E ADORAÇÃO

O status quo denomina culto como uma reunião religiosa que interage com o transcendente, ou melhor com Deus. O louvor é basicamente as músicas cantadas nestas reuniões que também vai além das fronteiras do clero. E a adoração é um momento de estasy, nirvana, onde o individuo dentro do coletivo expressa o seu amor a Deus e exalta a Sua grandeza, quase sempre exercidos em momentos de louvores mais tranqüilos e com letra que mechem com as emoções e os sentimentos.
Mas não entendo desta forma. Cultuar a Deus é genuinamente viver de forma santa e agradável a Deus (Rm 12.1). Se eu não cultuar a Deus em todos os momentos e principalmente no anonimato da minha vida, de nada valer eu participar de uma ‘reunião religiosa’. Por mais que haja espiritualidade nesta reunião ela vai ser oculta aos meus olhos.
O louvor está diretamente ligado à música, mas indiretamente está ligado a ser quem Deus determinou que eu seja. No salmo 148 a natureza louva ao Senhor, olhando para os animais entendemos que eles podem louvar cantando, rugindo, latindo, miando, etc. Mas como o sol, as estrelas e a lua louvam? Como as águas louvam? Cumprindo o papel do qual foram criados. O Sol louva a Deus agindo como sol. Da mesma forma nós louvamos mais a Deus com nossas atitudes, agindo de acordo com a vontade de Deus, do que com nossa boca.
Já a adoração nada tem a ver com choro e mãozinhas erguidas com uma erupção de emoções, pode ter momentos que em que estas coisas podem acontecer dentro da adoração. Mas a adoração é infinitamente maior do que breves momentos de transe. Ela expande para fora do clero e de um momento pré-estipulado. A adoração é continua e permanente, é amar ao extremo, é proclamar a todos este amor e exaltar as qualidades, as grandezas deste Ser amado.
Culto é a nossa vida, com ela podemos cultuar a Deus, ao Diabo, à outra pessoa ou a nós mesmos. Este culto se divide em louvor e adoração. Adorar é expressar o amor, engrandecer a pessoa amada e o louvor é a forma que agrado o meu amado andando exatamente da forma que alegra o Seu coração. Na verdade os três são fundidos em uma peça única que se chama santa vida cristã.
CLODOALDO CLAY NUNES.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Feliz 2010!

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Ano novo, vida nova, assim a grande maioria diz no despertar de um novo ano. Mas infelizmente poucos seguem a risca este propósito. O mais famoso deles é ‘emagrecer’ e já começa no dia mais tentador do ano. Festa, mesa regada com muita carne e aquelas que geralmente não comemos no decorrer do ano. Peru, tender, pernil e outras delícias. Fora os doces, um mais maravilhoso do que o outro. É difícil, daí o propósito passa para a próxima segunda-feira, a próxima semana, o próximo mês... Aí já se foi o objetivo.
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Assim acontece com outras idealizações como mudar de emprego, sair de um relacionamento que já terminou, começar um curso que sempre sonhou ou fazer sua vida ter êxito. Muitas promessas são feitas nesta data, creio que quase todas são reais, pessoas querem realmente para de fumar, começar a correr ou apenas viver. Entretanto o comodismo é o primeiro obstáculo a ser vencido e também o primeiro problema. Confortável na situação que está, dificilmente o objetivo sustentará.
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Para a Bíblia, principalmente para Salomão que escreveu, estas são promessas de tolos (Eclesiastes 5.1). Somente tolos dizem da boca pra fora, não podemos quer levar uma cruz da qual não agüentamos. Para isto ele diz: ”Pense bem antes de falar” (Ec 5.2), isto é, precisamos calcular qual será o peso da nossa promessa e quais serão suas implicações para a nossa vida. Assim, fazemos com que este objetivo firme duramente no nosso coração com fortes raízes, pois só assim este propósito suportará os fortes ventos das tempestades que virão.
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A Bíblia nos apresenta estas palavras de Jesus:
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25 Grandes multidões o acompanhavam, e ele, voltando-se, lhes disse: 26 Se alguém vem a mim e não odeia a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27 E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. 28 Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? 29 Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, 30 dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. 31 Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? 32 Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz. 33 Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo. (Tradução de João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada.) Lucas 14.25-33.
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Jesus deixa claro a partir do vercículo 28 para aqueles que prometem mudar de vida e seguí-lo que é preciso saber qual será o preço a ser pago por esta promessa. Seu propósito é um contrato consigo mesmo em primeiro lugar seguido por outros envolvidos. Voltando a Eclesiates 5, Salomão diz que é melhor você não prometer do que prometer e não cumprir, como na parábola dos dois irmãos (Mateus 21.28-32), pois Deus não gosta de tolos que prometem e não cumprem.
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A idéia não é parar de fazer os propósitos, pois são eles o combustível que alimenta as engrenagem da nossa vida. Sem eles perdemos os sonhos e junto, o sentido da nossa vida. A intenção é continuar com as promessas, todavia firmadas no solo do nosso coração e alimentadas com toda nossa energia.
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Um Feliz ano novo cheio de promessas e principalmente com suas realizações.
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Clodoaldo Clay Nunes.

FELIZ 2010!!!


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

CONSCIÊNCIA EXORCISTA


É certo que o mal existe. Muitos ainda duvidam da existência de Deus, mas o mal é evidente. Há aqueles que são simpatizantes das trevas, outros são indiferentes, há os que respeitam, os que lutam contra e os que se tremem de medo.
Como vamos nos livrar e nos defender deste mal?
As opções são muitas, inclusive já participei de algumas como, regressão, hipnose, banho de pipoca e outros condimentos, reza ‘forte’, novena, campanha e por ai vai.
Mas o que liberta de verdade?
A consciência. Somente ela pode perseverar na libertação que é um ato de fé, e esta é puramente racional. O animal vive por instinto, ele sabe que vai encontrar os suprimentos e as soluções para os problemas diários também não se preocupa com o dia de amanhã. Ele não tem fé, ele tem certeza. Que nada mais é do que fé, a diferença é que a fé dele é automática, enquanto a nossa precisa ser estimulada e fortemente sustentada.
A fé vem pelo ouvir (Rm 10.17) e ouvir é uma faculdade racional, pois o ouvir tem que ser acompanhado do entendimento, Filipe precisou explicar a Palavra que o eunuco estava lendo (At 8.26-40). Só teremos fé se raciocinarmos, ou seja, exercer a consciência, juntar toda a educação, experiência e personalidade por num balaio e agitar, a partir desta mistura, avaliar o que é bom e o que é ruim, então alistar um exército opositor ao pensamento ruim ou a tentação sedutora, e os soldados deste exército são as verdades e os princípios pré-estabelecidos na consciência. Só podemos gerar uma relação com o mundo através da consciência, através dela criamos nosso caráter e as nossas escolhas. A consciência é quem faz nossas escolhas e as nossas escolhas nos fazem. Através da minha consciência faço minha decisão e esta faz o meu caminho. Consciência também é sinônimo de responsabilidade, alguém consciente é alguém que sabe das suas responsabilidades.
Quando há um leão rugindo ao nosso lado, Pedro nos orienta resistir firme na fé, como Jesus exemplificou no deserto, manteve-se firme nos seus preceitos. Aquele que é consciente da Palavra de Deus e tem fé (certeza) que é a verdade, sabe que a tentação não é maior que a sua força e que após a tempestade virá a bonança (1Co 10.13). Foi isto que Deus falou para Caim, você sabe que isto é errado, a decisão e as conseqüências são suas, você tem força para escolher.
Mas quando o pecado já invadiu o quartel general é hora de aliar-se a outros exércitos, outras consciências, com uma fé mais forte. Pessoas que vão ajudar na caminhada da retomada do QG através da transferência de soldados (princípios) e também vai restaurar os soldados feridos deste exército que foi derrotado em uma batalha. Este tipo de consciência está cativa, é prisioneira do exército inimigo, está viva, mas sem força para lutar. A intervenção externa é necessária, mas com pouca intensidade, a força maior precisa vir do exército derrotado, isto é, da própria consciência a ser restaurada.
Há também aqueles que já foram saqueados e quase dizimados pelo exército inimigo, para estes é preciso uma intervenção de forças externas mais poderosas, buscadas através de jejum e oração. São os casos de possessão demoníaca, ou seja, o demônio entrou e tomou posse, é preciso que uma outra consciência cheia de fé venha expulsar o inimigo daquele território e devolvê-lo ao proprietário devido, fortalecendo o seu exército, a sua fé. É como o EUA está fazendo com o Iraque, ou pelo menos tentando. Vai ensiná-lo a pescar, ensinar a caminhar com seus próprios passos. Após a libertação a pessoa só irá manter-se liberta se caminhar através da sua fé firmada na sua consciência.
A magma de todas as virtudes é a perseverança, sem ela de nada adianta as demais. Libertação não é apenas um ato, é um processo, está profundamente ligada à perseverança, o liberto que não perseverar de nada adianta voltar à escravidão, por isso Paulo nos adverte constantemente para vigiarmos, estamos numa guerra espiritual que não são travadas com filosofias, manifestações místicas ou doutrinas religiosas. O que vale nesta guerra é a atitude desempenhada em cada situação de nossa vida, e com o conhecimento da verdade (Jo 8.32), podemos formar um forte exército para combater o inimigo. João fala ‘se andarmos na luz como Ele (Cristo) está na luz’, ou seja, viver tendo como luz, o conhecimento ensinado por Cristo. Esta é a forma de exorcizar os demônios que nos rodeiam. É dizer não ao caminho oferecido, mostrando-lhe que há um caminho incomparavelmente melhor. Jesus no deserto não só rejeitou a proposta de Satanás, mas rebateu todas com algo mais sublime.O exército somos nós que formamos, mas os soldados vêm de Deus, somente Ele nos presenteia com a pura verdade. Busquemos Nele os melhores princípios, as melhores diretrizes para nossa vida que é uma batalha diária.
Com que tipo de princípios guerreiros você quer formar seu exército de fé? Sua consciência está adequadamente habilitada para ser quartel general deste exército? Purifique-a na água viva da verdade que está em Deus, refletida para nós através do nosso Senhor Jesus, pois somente Nele somos mais que vencedores, somente seguindo o Único que já venceu o mundo alcançaremos uma vitória triunfante.
CLODOALDO CLAY NUNES

A IGREJA FOGÃO E AS PANELAS DIVISÓRIAS

Culto das mulheres, dos jovens, da libertação, entre outros títulos partidários que encontramos no meio evangélico são sutis separações que fazemos no rebanho de Deus. A priori transmite uma idéia de junção de um subgrupo, a posteriori chegamos a conclusão que é um cavalo de tróia, parecendo algo espetacular, mas é uma ferrugem que corroí aos poucos seus membros. É um vazamento que mina as forças do corpo.
Quando há um anúncio ‘culto das mulheres’, sendo um homem você iria? Se for inverso fica pior ainda. Uma mulher indo ao culto dos homens. Sabemos que não é exclusivo de um subgrupo, mas o culto já carrega no nome ‘das mulheres’, você entra e noventa por cento do público é mulher, então logo você cai em si que está no lugar errado. Da mesma forma que um crente com muito tempo de igreja não vai ao culto de libertação, pois ou ele vai ‘desencapetar’ os outros ou ele está em pecado. A intenção é ótima, atrair as pessoas que se identificam com aquele título, o partido anunciado, mas gera obstáculos para os outros que não se identificam. Libertação, prosperidade, bem-estar familiar, conhecimento bíblico, restauração e tudo o que se oferece nestes anúncios são conseqüências de todos os cultos a Deus, desde que seus participantes estejam mergulhados numa esfera de fé e obediência. Já o culto dirigido por um subgrupo é extremamente importante, pois gera a necessidade de formar líderes que vão dirigir um culto, mas este culto tem que ser para todos, as preparações devem ser feitas separadas e na sua maturação tem que ser servida a todos. Imagine o culto principal no domingo ser totalmente feito por adolescentes. Louvores, orações e até a Palavra sendo ministrada por eles. Da mesma forma com as mulheres ou a melhor idade. Provavelmente um culto de semana a tarde é dirigido por mulheres, mas o anúncio da reunião deve enfatizar a inclusão de todos.
Outro exemplo é dividir o rebanho em pequenos grupos, para uma igreja com muitos membros isto é inevitável, uma solução, para uma pequena igreja é um ataque terrorista, uma implosão e para uma igreja média é como andar no ‘fio de uma navalha’, situação delicada, é como dividir um átomo, pode gerar uma grande fonte de energia ou uma tremenda explosão. Os grupos vão se fechando e vivem o pequeno grupo mesmo fora dele, ou seja, carregam esta panela fechada para outras atividades que necessita de uma abertura para todos. A idéia de pequeno grupo transcende o motivo do qual foi criado e bloqueia a interação entre eles. Não há engrenagem entre os participantes dos pequenos grupos. Hoje temos uma sociedade hiper dinâmica, horários dos mais variados, por isso há necessidade de reuniões em lugares e dias diferentes, mas nunca podemos esquecer que somos UM CORPO e apenas uma reunião dominical não faz dele um corpo, pois muitas vezes o grupo se reúne mas não tem vida naquele grupo, é um vale de ossos secos. Isto fica nítido quando participamos de alguma atividade fora da igreja onde há uma convivência mais próxima, pode ser apenas três dias, seus relacionamentos e a intensidade entre eles se tornam muito mais próximos e forte, superando anos de comunhão dominical de apenas duas horas. A mão pode até fazer alguma atividade sozinha, mas ela só terá vida se participar do metabolismo corporal, alimentação e exercícios que não há como obtê-los fora do corpo e não há corpo forte que se alimente e se exercite apenas uma vez por semana. Não significa que precisamos nos reunir mais, precisamos a cada dia fortalecer a comunhão entre os membros do corpo fora das reuniões eclesiásticas. Telefonemas, e-mails, integração em passeios, diversões e principalmente em orações uns pelos outros mesmo que distantes fisicamente, assim o corpo se fortalece e cresce.
Fica claro que alguns alimentos precisam ser preparados em panelas separadas, os temperos são outros, a temperatura é diferente, mas é imprescindível que sejam servidos na mesma mesa, na mesma ceia, no mesmo culto que é para um único Senhor. E o culto a Deus é a expressão da nossa adoração refletida nas nossas ações e atitudes diárias nos relacionamentos entre os irmãos e principalmente com aqueles que não compartilham da nossa fé em Cristo. A igreja é um fogão que prepara os alimentos em panelas separadas, mais do que isto, a igreja é a mesa onde todos nós nos sentamos para participar de uma ceia servida pelo Nosso Senhor Jesus Cristo.
Clodoaldo Clay Nunes